USP inaugura centro pioneiro para a reciclagem
de lixo eletrônico
Janeiro 06, de 2010
Ao perderem a
utilidade, PCs, teclados, impressoras, mouses, hard disks e drives, entre outros
equipamentos de informática, tornam-se um amontoado de lixo eletrônico que
oferece perigo à saúde se não tiver destino ambientalmente adequado. Com a
finalidade de ajudar na resolução desse problema, o Centro de Computação
Eletrônica da USP (CCE-USP) inaugurou no mês passado, na Cidade Universitária, o
Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (Cedir), órgão pioneiro na
sua modalidade em instituições públicas, direcionado especialmente ao devido
encaminhamento desse material. Com área de 400 metros quadrados, o galpão tem
acesso para carga e descarga de resíduos, depósito para categorização, triagem e
destinação de lixo eletrônico, além dos equipamentos necessários para a
adequação do material.
A iniciativa é resultado do trabalho voltado à sustentabilidade em Tecnologia da
Informação iniciado na unidade em 2007. O plano-piloto do projeto Cedir teve
início em junho de 2008, por meio de ação realizada entre os próprios
funcionários da unidade: a Operação Descarte Legal. O resultado foi a coleta,
num único dia, de mais de cinco toneladas de peças e equipamentos
eletroeletrônicos obsoletos. "Essa experiência permitiu-nos uma primeira
avaliação sobre o volume de lixo eletrônico existente na USP e concluímos que
ações precisavam ser tomadas", recorda a diretora do CCE, Tereza Cristina Melo
de Brito Carvalho.
Atitude responsável
Tereza explica que o projeto foi estruturado no conceito de que a USP,
como instituição de ensino e pesquisa referência no País, tem papel fundamental
na disseminação de ações sustentáveis. "Muita paixão da equipe", afirma Tereza.
É a esta motivação e ao apoio encontrado que a diretora credita a rapidez da
realização, cujo projeto começou a ser elaborado em janeiro de 2009, executado
em maio e concluído em outubro do mesmo ano.
Para isso, contou, entre outros, com a parceria do Laboratório de
Sustentabilidade do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados
Unidos, que compartilhou dois dos seus programas, e com a Itauctec, que prestou
assessoria tecnológica, além do forte empenho da comissão de sustentabilidade do
CCE, composta por oito membros e coordenada por Tereza Cristina.
Dados sobre o setor justificam a preocupação com a agilidade. Levantamento da
Fundação Getúlio Vargas mostra que, só em 2008, foram comercializados 12 milhões
de computadores, com tempo de vida médio ente 3 e 4 anos. No mesmo período, a
Anatel registrou a venda de 21 milhões de aparelhos celular, com tempo médio de
vida de um ano e seis meses, num universo de 152 milhões de assinantes. As
pilhas comercializadas somaram 1,2 bilhão, sendo 400 milhões piratas. "É
justamente o ritmo rápido de descarte gerado por esse tipo de material que exige
a rápida adoção de medidas", afirma Ligia Maria Sonnewend, funcionária do Cedir
e integrante da comissão de sustentabilidade.
Ações sustentáveis
Aquisição de micros verdes, como são apelidados os PCs fabricados sem
chumbo e outros metais pesados, e a criação do selo verde, certificação própria
para identificar as máquinas com material e funcionamento adequados
ambientalmente. Essas foram as duas primeiras ações do projeto e-waste (lixo
eletrônico), elaborado em 2007 pela comissão de sustentabilidade do CCE, formada
por sete membros, que deu origem ao Cedir. "É uma grande conquista. Estamos
muito felizes", diz Ligia Maria.
Os desafios agora são a estruturação do funcionamento do próprio centro,
organizada num projeto constituído por duas fases, a criação, no prédio vizinho,
do Laboratório de Sustentabilidade (LaSu), para a realização de pesquisas e o
treinamento de pessoas, e a expansão do programa de sustentabilidade para outras
unidades da USP e a comunidade em geral.
A primeira fase do projeto, prevista para iniciar até o fim do primeiro semestre
deste ano, compreende a realização de operações de coleta, triagem e
categorização no câmpus paulistano e de coleta e triagem nos centros de
informática dos câmpus de Ribeirão Preto, São Carlos e Piracicaba. Esta fase
ainda se subdivide em etapas, com relação aos participantes: a inicial abrange
funcionários das unidades da USP, a segunda, familiares de funcionários, alunos
e docentes e, a etapa 3, o público em geral, além de uma possível parceria com a
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
A fase seguinte, a partir do segundo semestre, prevê operações de coleta e
triagem nos câmpus de Bauru, Pirassununga e Lorena. Já o LaSu deve entrar em
funcionamento com atividades de apoio ao trabalho do Cedir, como pesquisas,
treinamentos, seminários e workshops. "A realização dos nossos planos depende do
fluxo contínuo do lixo eletrônico. Calculamos que precisaremos de R$ 25 mil ao
mês para a sustentação financeira do Cedir e do projeto de sustentabilidade",
informa a diretora.
Economia verde
Outro desafio a ser enfrentado pela comissão de sustentabilidade é o de
promover a criação de uma empresa de reciclagem nacional especializada na
reciclagem total das placas. "No Brasil ainda não há tecnologia para o
aproveitamento dos metais nobres que compõem as placas, como o ouro. Até hoje,
isso só é feito em outros países. Mas pretendemos desenvolver pesquisas para que
isso se torne possível em território nacional", planeja Ligia Maria Sonnewend. O
grupo também pretende lutar por uma legislação brasileira que regulamente a
produção de sistemas verdes e que responsabilize os produtores de equipamentos
eletrônicos pela reciclagem ou destino sustentável dos bens. "Temos muito
trabalho pela frente", conclui Tereza Cristina.
Serviço
Centro de Reúso de Resíduos de Informática
Avenida Professor Lúcio Martins Rodrigues, Travessa 4, 399 - bloco 27
Mais informações, pelo e-mail cedir.cce@usp.br
Fonte: Governo de São Paulo
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