Arlindo Chinaglia avalia um mês de Governo petista
Fevereiro 03, 2001
Durante recente mutirão de limpeza na Praça Nossa Senhora Aparecida, em Moema, o Deputado Federal Arlindo Chinaglia, Secretário de Implementação das Subprefeituras do Governo Marta Suplicy, concedeu entrevista à imprensa e respondeu perguntas sobre a realidade da atual Administração Municipal.
P: Após um mês de governo, como o senhor avalia a nova
administração? Dá para sentir uma mudança na cidade?
R: Quem andou pela cidade hoje pode ver as equipes trabalhando.
No estado que encontramos a cidade não dá para exigir que em apenas um mês você
consiga limpar todo o mato, limpar bueiro, tirar entulho. Mas na minha avaliação já tem
uma diferença significativa
P: Porque é tão difícil limpar as Marginais?
R: Porque o trânsito fica engarrafado, devido a proteção que tem de ser colocada
para proteger os trabalhadores do risco de atropelamento. Isso é o que tem impedido até
agora que o trabalho aconteça durante a semana. Mas estamos vendo com a CET se é
possível pelo menos numa semana fazer uma escolha: comprometer o trânsito um pouco a
mais e vamos tentar carpir as Marginais. Não podemos trabalhar nem sábado à tarde nem
aos domingos já que o contrato não permite; essa é a principal dificuldade já que tem
muito trabalho. Mas estamos vendo se é possível encaixar alguns horários. Talvez seja
possível, por exemplo, trabalhar durante a semana no canteiro central, que é maior, e
deixar para o final semana aquilo que é beirando a pista.
P: Em quanto tempo o senhor acha que pode entrar na rotina, e
não termos mais canteiros centrais com mato?
R: Eu dei uma declaração à Radio Eldorado que preciso rever. Imaginava que na
Marginal Tietê estivesse mais avançado; nós estávamos avançando na Marginal do
Pinheiros, e disse que em uma semana seria possível se conseguíssemos trabalhar nos dias
úteis. Agora penso que não é possível nem na marginal de Pinheiros. Lamentavelmente
para entrar na rotina vai demorar um bom tempo, por causa do trânsito, e também porque
você não pode gastar todo o dinheiro que a Secretaria tem, que as Regionais tem, no
início do ano. Também estamos fazendo a operação tapa-buraco. Depois de seis meses de
abandono, onde tinha que ter trabalho permanente, estou estimando que se em dois ou três
meses a gente conseguir entrar na rotina podemos elevar as mãos aos céus. Mas depois de
ver o engarrafamento estou mais sensível evidentemente ao problema; imaginei que seria
possível forçar um pouco a barra, mas o trânsito é infernal.
P: A manutenção da limpeza depende da
colaboração da população. Como o senhor vai fazer para conscientizar as pessoas?
R: Num programa de rádio onde participei por telefone o ator Juca de Oliveira se
dispôs a colaborar sem nenhum tipo de cobrança da parte dele, já que propaganda sempre
tem um custo. Quem sabe se a própria imprensa bancasse isso, e nos cedesse um espaço
para divulgar mensagens como "Não jogue lixo na rua". Justamente agora acabei
de chamar a atenção de um motorista na Marginal do Tietê, porque ele estava na
camionete indo para a praia e naturalmente jogou papéis pela janela. Eu pedi para
contribuir com a cidade e evitar de jogar lixo pela janela. Aí tem uma questão cultura,
e a solução tem de envolver escolas, imprensa, as próprias crianças chamando a
atenção dos adultos. Esse é um trabalho permanente e pretendemos, sim, fazer a
campanha.
P: É viável multar quem suja ?
R: É viável. É
necessário. A gente sabe o que é possível depois que tentar. Não podemos dizer
antecipadamente dizer que é possível. Tem aqui no final da rua Haddock Lobo, passando a
Estados Unidos, um buraco da Telefônica (NR: Foto à direita) que vamos ter de comemorar:
a empresa está sendo multada diariamente. As concessionárias tem contribuído para
destruir o asfalto da cidade, trazendo transtornos. São empresas ricas, tem muito
dinheiro, vou procurá-las porque acho que não estão cumprindo a parte deles. Deveriam
ter autorização, e muitas vezes não tem. Deveriam consertar o estrago, mas não
consertam. Temos de repartir responsabilidade, e acho que o debate público é salutar. A
Administradora Regional de Pinheiros, Beatriz Pardi, já foi lá pessoalmente. Será que
tamanho poder econômico dá direito de tratar a cidade tão mal? Acho que desde o
transeunte até grandes empresas não vai ter nenhum tipo de acordo: nós vamos multar.
Vivemos numa cidade onde o escambo tomou conta. Desde a empresa que acha que pode usar
qualquer espaço público, não estou dizendo que seja a Telefônica, pode ser a
empreiteira que ela contratou, mas as concessionárias de serviço público tem de dar
atenção; só porque contratou um gato qualquer acha que está tudo resolvido; não
está. Do ambulante, ao perueiro, ao empresário, ao comerciante que estende a cobertura
ocupando a calçada, ao feirante que também quebra a calçada para colocar sua barraca,
não dá. Acho que dentro dos limites legais, do trabalho, já que não consegue estar em
todos os lados ao mesmo tempo, nós vamos trabalhar duro.
P: O senhor não teme uma indústria de multas ?
R: Como indústria de multas ? O que existe aqui é uma indústria de
desrespeito à cidade, de desrespeito á população paulistana, de desrespeito ao direito
coletivo. A melhor maneira de evitar uma suposta indústria de multas é agir dentro dos
limites das leis. Mas se isso gerar muitas multas, não terei nenhuma dúvida: nós vamos
multar.
P: O quadro de fiscais da Prefeitura foi
dizimado na administração anterior. A atual Administração pensa contratar mais
fiscais?
R: Quando a Prefeita me anunciou como Secretário, em meados de Dezembro, defendi a
contratação. Mas uma parte da imprensa colocou: "PT quer inchar a máquina",
um discurso evidentemente vazio, um discurso falso. Os que falam isso automaticamente,
mesmo que não tenham consciência do que falam, estão se colocando do lado daqueles que
cobram propina, do lado daqueles que ocupam irregularmente o solo. É necessária a
contratação de fiscais e para isso tem de ter concurso e tem de ter dinheiro. Não é
só para ir lá fiscalizar depois que ocorreu a irregularidade. Antigamente você tinha
uma equipe nos bairros de cada regional, verificando onde tinha bueiro, buraco, mato e
acionava as equipes correspondentes. Estamos pensando em contratar estagiários, mas temos
problemas de ordem legal. A hora que sairmos da UTI vamos conseguir planejar um pouquinho
uma terapia semi-intensiva.
P: A Prefeitura vai comprar máquinas ?
R: Está sendo concluído um estudo sobre aluguel de veículos leves. Na
administração passada gastava-se por mês um dozeavo do preço. Nós estamos também
pensando em alugar, mas não nessas condições, onde o que você paga de aluguel daria
para, ao final de doze meses, comprar um carro. Se der para comprar por sistema de
leasing, com financiamento a perder de vista, com financiamento barato, com juros que só
o Poder Público tem acesso, vamos comprar. Mas antes eu reitero meu apelo para que os
grandes empresários doem grandes máquinas para a Prefeitura.
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