Regional de Santo Amaro retira indigentes sob viaduto da Ver. José Diniz
Setembro 26, 2000
A Administração Regional de Santo Amaro finalmente instalou as grades que cercavam a Igreja Matriz de Santo Amaro sob o Viaduto da Av. Vereador José Diniz com a Av. dos Bandeirantes, um local ocupado por indigentes. Para onde foi a maioria do pessoal que morava nesse lugar?
Eliana Lemos, "assistente social por vocação", da Secretaria da Assistência Social da Prefeitura Municipal de São Paulo, explica que o pessoal foi retirado do local -"sem truculência", como afirmou o Cap. Abner, da Polícia Militar, devido uma ação na qual participaram diversas repartições públicas: Administração Regional de Santo Amaro, Polícia Militar e Assistência Social.
Tradicionalmente eram oferecidas a essas pessoas duas opções: moradia em albergue ou retorno às cidades de origem. As duas eram rejeitadas: o albergue por impor normas muito rígidas, intoleráveis para quem está acostumado à liberdade da rua, e o retorno à cidade de origem não é desejado por muitos desses indivíduos.
Depois de várias tentativas infrutíferas, as Assistentes Sociais conseguiram vencer a desconfiança do pessoal e iniciar um diálogo. Ao contrário do enfoque tradicional, no qual eram impostas soluções, as Assistentes Sociais perguntaram às pessoas quais eram suas necessidades. Após o cadastramento da maioria das famílias (62 crianças e 40 adultos) constatou-se que a grande maioria tem casa em bairros periféricos (Campo Grande, Itapecerica, etc). Estão no local durante o dia, já que é uma forma de ganhar facilmente o sustento. "A toda hora tem alguém dando algo: roupas velhas, sapatos, brinquedos, comida, etc. Há quem até pague até pague a conta de luz, água ou do Cingapura desse pessoal", afirmou D. Eliana.
Tendo como objetivo "não tirar por tirar, mas dar uma solução", diversas crianças foram encaminhadas a creches da Prefeitura. Alguns moradores foram encaminhados para cursos profissionalizantes, outros receberam ajuda para obter seus documentos. Aqueles que não tinham onde morar foram cadastrados na Secretaria da Habitação e receberão barracos para morar na Zona Leste. Aos que recolhem materiais recicláveis com suas carrocinhas lhes foi prometido que a AR/SA arrumaria um local para que as guardassem à noite, com a condição que após certo horário retornassem aos seus lares.
Ladrões e bandidos?
D. Eliana constatou que entre essas pessoas há muitos profissionais. Citou o exemplo de
um confeiteiro, que após perder dois dedos no serviço nunca mais conseguiu emprego no
ramo, e foi empurrado para a rua. Outro foi demitido da Volkswagen, e devido a sua idade
não conseguiu mais emprego. Também acabou na rua. Um belo exemplo de responsabilidade
social de nossos empresários.
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