Sinopse: Artista e intelectual, Lia D Castro (Martinópolis, São Paulo, 1978) investiga como as relações de raça, classe, gênero e sexualidade se dão em situações de intimidade e vulnerabilidade. A artista utiliza a prostituição como ferramenta de pesquisa e desenvolve sua produção a partir de encontros com seus clientes – homens cisgêneros, em sua maioria brancos, heterossexuais, de classe média e alta – para subverter relações de poder ou violência que possam surgir entre eles, aliando história de vida e história social. Temas como masculinidade e branquitude, mas também afeto, cuidado e responsabilidade, são abordados nesses encontros, que resultam em pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e instalações criadas pela artista de modo colaborativo.
Esta é a primeira exposição individual da artista em um museu e inclui 36 obras produzidas entre 2013 e 2024, assim como registros de seu processo de trabalho. O título da mostra parte da constatação acerca da ausência histórica de grupos minorizados em posições de poder e decisão – em nenhum lugar –, enquanto sua presença e força de trabalho compõem as bases que sustentam a sociedade – em todo lugar. Essa estratificação social, refletida na maneira como a história da arte definiu os papéis de quem representa e de quem é representado, é contestada por Lia D Castro em seu trabalho, ao redefinir essa lógica utilizando-se do afeto, do diálogo e da imaginação como ferramentas de transformação social.