Sinopse: A instalação coreográfica “O Banho” é uma reflexão sobre as questões propostas pela vida de Dona Sebastiana de Mello Freire, Dona Yayá. Mulher da elite paulistana que ao ser diagnosticada doente mental teve a sua casa no bairro da Bela Vista, São Paulo, parcialmente transformada em um hospital psiquiátrico privado e nela permaneceu isolada por ordens médicas entre 1919 e 1961. “O Banho” não tem como foco a doença mental de Dona Yayá e não é uma narrativa linear sobre a sua vida. Mas, coloca a questão: qual seria a subjetividade dessa mulher que, quando isolada, teve todos os vestígios que lhe remetiam a sua vida anterior retirados, e mesmo assim sobreviveu por quarenta anos: A instalação coreográfica “O Banho” é composta por elementos de dança, performance e vídeo, cujas imagens realizadas na casa da Dona Yayá, na sua maioria a partir dos reflexos do solarium de vidro, remetem à dissolução do corpo e a passagem do tempo, em uma reflexão sobre a sua efemeridade. Durante a apresentação o corpo da performer permanece imerso em uma banheira-casa, movendo-se em limitado espaço e ilimitado tempo, suspenso pelo ponto no qual encontra-se entre vida e morte. Em uma referência aos experimentos realizados pelo médico Jean-Martin Charcot, no hospital Salpêtrière em Paris, com pacientes histéricas, os quais eram abertos à um público especializado e consistiam de repetitivos ataques induzidos nas pacientes os quais hoje podem ser analisados como performances teatrais. “O Banho’ é sobretudo um ritual de limpeza, cura e uma homenagem à Dona Yayá e as mulheres que viveram ou vivem situações semelhantes à dela e resistem.