Em uma boa foto:
Os elementos de destaque estão nítidos, e corretamente iluminados
Os elementos estão distribuídos agradavelmente (composição)
Neste capítulo nos preocuparemos do primeiro assunto: que o registro seja correto.
Elementos que afetam o registro de uma cena
O registro de uma cena depende de três fatores: a abertura do diafragma, a velocidade do obturador e a sensibilidade do filme. Estes três elementos devem ser regulados em função da iluminação da cena a fotografar.
Se você fotografa uma cena em um dia ensolarado com um índice ASA elevado (400, por exemplo), baixa velocidade e uma pequena abertura, o resultado é certo: a foto sairá "queimada", já que entrou muita luz através da lente e o filme foi hipersensibilizado. Se, pelo contrário, você fotografa uma cena ao escurecer, com um índice ASA 100 ou menor, e uma velocidade elevada, a foto vai sair escura: não entrou luz suficiente para que o filme captasse corretamente a cena.
Como ajustar esses parâmetros
O registro correto de uma cena depende de uma leitura inicial correta. E como é feita essa leitura? Ou você dispõe de um fotômetro manual (o que é improvável se você não é um(a) profissional), ou usa o de sua câmera (que muito provavelmente tem).
Passo 1: garanta a leitura no sujeito
O "sujeito" é aquilo que você quer registrar. Pode ser uma pessoa, um pássaro ou uma paisagem (neste caso, tudo é interessante). Coloque o sujeito no centro do visor (mesmo que na foto final você decida situá-lo em um dos pontos áureos, por exemplo), e aperte suavemente o disparador. Neste ponto há uma enorme variação de câmera para câmera, mas de alguma forma você vai poder ver qual a abertura ("f-stop") e velocidade que a câmera selecionou.
Passo 2: selecione a profundidade de campo que você quer.
Suponhamos que queremos fotografar uma paisagem e obtivemos uma leitura inicial de f/4.8 a 1/125s. Um "f-stop" de 4.8 resultará em uma profundidade de campo muito limitada, e queremos amplia-la ao máximo que nossa lente permita. O que fazer?
Eis o segredo: a velocidade e a abertura estão intimamente relacionadas. Toda vez que você mexe em uma, tem de mexer na outra para que o resultado seja equivalente. Neste caso, se você diminui a velocidade à metade, para 1/60s, você pode aumentar um ponto a abertura (para f/5.6). Diminua novamente a velocidade à metade, para 1/30s, e você poderá ampliar a abertura para f/8. Mais uma vez, 1/15s permitirá uma abertura de f/11, Uma última mexida nos dará 1/8s de velocidade com abertura f/16. Ótimo: temos agora uma profundidade de campo de centenas de metros, ideal para paisagens. Mas temos de fotografar a um oitavo de segundo.
A pergunta é: esta foto, registrada segundo a leitura inicial (f/4.8 a 1/125s) sai igual que na leitura final (f/16 a 1/18s)? Sim; as cores sairão iguais, a iluminação também, só a profundidade de campo que vai variar, mas é aí onde está o segredo. Você não vai querer uma foto como a de baixo, onde a árvore em primeiro plano está focada e as montanhas perderam nitidez:
Esta não a foto de uma paisagem; é uma foto das folhas da árvore. A seleção incorreta da profundidade de campo motivo um registro tecnicamente correto (quanto à iluminação) mas "artisticamente" incorreto. Ajustando corretamente a profundidade de campo obteremos um registro adequado, onde os elementos que interessam ("todos", em uma paisagem) estão nítidos. Observe:
Modo automático (ou, "para que vou me preocupar se a câmera faz tudo para mim?")
A maioria das câmeras oferecem, atualmente, modo automático: você aponta para cena, clica e a câmera ajusta abertura e velocidade para registra-la corretamente. É isto garantia de um bom registro? Não; observe:
Apesar do fundo estar corretamente registrado, o sujeito está sub-exposto (isto é, a luz emitida pelo sujeito não sensibilizou suficientemente essa região do filme). O que aconteceu? A câmera fez um balanceamento entre as diversas áreas da cena, mas como o fundo, que ocupa a maior parte da foto, tem uma elevada luminosidade (devido ao reflexo do sol na água), o ajuste foi feito para registrar corretamente o fundo, e não o sujeito. Resultado: uma foto ruim, apesar da automação. O problema é facilmente solucionado com um flash de recheio, que proporciona ao sujeito a iluminação que naturalmente não tem:
Dificilmente o modo automático, mesmo que registre corretamente a cena, vai lhe dar a profundidade de campo que você quer. Entretanto, a seleção de uma profundidade adequada à cena é muito simples, e contribuirá para elevar sensivelmente a qualidade da sua foto.
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